Para relembrar o episódio, que não foi uma "descoberta", já que esta terra já era habitada por índios de norte a sul, os alunos do 7º ano do ensino fundamental organizaram um jogral com o poema "Os nomes dados a terra descoberta", de Cassiano Ricardo, que pode ser lido abaixo.
O jogral foi desenvolvido nas aulas de História e o professor Efraim conta que escolheu o poema por dois motivos: primeiro, porque trata dos nomes que os portugueses deram à terra que encontraram e dos costumes indígenas descritos no poema, elementos importantes para se trabalhar o tema em História. Ademais, explica o professor, o poeta Cassiano Ricardo Leite era natural de São José dos Campos, cidade do Vale do Paraíba, assim como a nossa cidade de Cunha.
Cassiano Ricardo Leite nasceu em São José dos Campos, em 26 de julho de 1895 e faleceu no Rio de Janeiro, em 14 de janeiro de 1974, foi um jornalista, poeta e ensaísta brasileiro. Representante do modernismo de tendências nacionalistas, esteve associado aos grupos Verde-Amarelo e da Anta, foi o fundador do grupo da Bandeira, reação de cunho social-democrata a estes grupos, tendo, sua obra se transformado até o final, evoluindo formalmente de acordo com as novas tendências dos anos de 1950 e tendo participação no movimento da poesia concreta. Pertenceu às academias paulista e brasileira de letras.
A Sala de Leitura parabeniza os alunos e o professor por fazer uso de poesias para ensinar História e desenvolver atividades que trabalhem a recitação, entonação e interpretação.
Os nomes dados a terra descoberta
Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome
de ilha de Vera-Cruz.
Ilha cheia de graça
Ilha cheia de pássaros
Ilha cheia de luz.
Ilha verde onde havia
mulheres morenas e nuas
anhangás a sonhar com histórias de luas
e cantos bárbaros de pajés em poracés batendo os pés.
Depois mudaram-lhe o nome
pra terra de Santa Cruz.
Terra cheia de graça
Terra cheia de pássaros
Terra cheia de luz.
A grande terra girassol onde havia guerreiros de tanga e
onças ruivas deitadas à sombra das árvores
mosqueadas de sol
Mas como houvesse em abundância,
certa madeira cor de sangue, cor de brasa
e como o fogo da manhã selvagem
fosse um brasido no carvão noturno da paisagem,
e como a Terra fosse de árvores vermelhas
e se houvesse mostrado assaz gentil,
deram-lhe o nome de Brasil.
Brasil cheio de graça
Brasil cheio de pássaros
Brasil cheio de luz.
- CASSIANO RICARDO
Fonte: Jornal de Poesia (http://www.jornaldepoesia.jor.br/cricardo.html#osnomes)